Crianças e adolescentes
Campanha estimula pediatra a agir contra a gravidez precoce
Profissional deve ser protagonista nas ações de controle e alertar os jovens, afirma a SBP
Divulgação -
Por Flávia Albuquerque, da Agência Brasil São Paulo
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou na quinta-feira (24) uma campanha para engajar, sensibilizar e fortalecer a atuação dos pediatras e hebiatras (especialistas responsáveis pela assistência à saúde dos adolescentes) na prevenção da gravidez precoce. O lançamento da campanha antecipa-se ao início da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, no dia 1º de fevereiro. A data foi instituída após o presidente Jair Bolsonaro sancionar a Lei 13.798, que acrescenta ao Estatuto da Criança e do Adolescente um artigo sobre o assunto.
Por meio do site Prevenção da Gravidez na Adolescência, a SBP apresentará aos médicos e à sociedade dados estatísticos, alertas sobre os riscos da gravidez precoce e detalhes da lei que instituiu a semana nacional dedicada ao tema. Também serão distribuídos cards pelas redes sociais e e-mail marketing aos mais de 23 mil associados.
Estarão disponíveis ainda dois documentos científicos destinados aos pediatras: o guia prático Prevenção da Gravidez na Adolescência e o manual de orientação Consulta do Adolescente: Abordagem Clínica, Orientações Éticas e Legais como Instrumentos ao Pediatra, ambos de autoria do Departamento Científico de Adolescência da SBP.
De acordo com a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, com a campanha, a entidade quer alertar todos os pediatras brasileiros sobre sua importância no processo. Para isso, a SBP está também estimulando todas as suas filiadas estaduais a fazer um movimento com discussões sobre o tema. “Queremos que o pediatra seja protagonista nessa ação de prevenção. Que, em toda consulta, ele possa alertar e orientar adequadamente, não só o adolescente, como seus pais.”
Pouca informação
A médica ressaltou que nas escolas brasileiras não há informação, e educação sexual de maneira adequada, e que muitas crianças e adolescentes não têm um pediatra que os acompanhe. “Ele (o pediatra) tem um papel fundamental na prevenção de doenças, na melhora da qualidade de vida e na orientação sobre a saúde da criança. Seu papel é importante também no acompanhamento do adolescente, na prevenção do uso de drogas, da gravidez.”
Para Luciana, a educação sexual deve começar em casa, junto com a família, mas é sabido que há uma parcela significativa da população que não tem nível educacional adequado e não se sente confortável para passar as informações aos filhos. “A adolescência vai dos dez aos 20 anos e nesse período é preciso ter informação sobre os riscos das doenças venéreas, da gravidez, sobre a necessidade de preservativo, sobre atividade física”.
Segundo Luciana, em muitas localidades brasileiras, as crianças e adolescentes só são atendidos na emergência e quando estão doentes. A presidente da SBP ressaltou que a época da gravidez deve ser escolhida pelos pais, em um momento de maior maturidade, e não como um acidente que ocorre nos primeiros anos da vida sexual da adolescente.
Panorama
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), na América Latina e no Caribe, a taxa de gravidez entre adolescentes é a segunda mais alta do mundo, ficando atrás somente da África Subsaariana. Anualmente, ocorrem em média 66 nascimentos para cada mil meninas com idade entre 15 e 19 anos, enquanto o índice mundial é de 46 nascimentos.
Segundo os dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, o percentual de gravidez na adolescência caiu 17% no Brasil em 2015. Em números absolutos, a redução foi de 661.290 nascidos vivos, de mães entre 10 e 19 anos em 2004, para 546.529 em 2015. No entanto, apesar dos avanços, o número ainda é considerado grande, representando cerca de 18% do total de nascidos vivos no país.
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